O bullying escolar vai muito além de uma questão disciplinar: ele afeta o desempenho dos alunos, o clima da escola e pode gerar consequências jurídicas sérias para a instituição.
Com a nova Portaria MEC nº 1.127/2024, as escolas são chamadas a agir de forma ativa na prevenção e no acolhimento. Mas por onde começar?
A cultura do silêncio, o despreparo de educadores e a falta de protocolos claros tornam a identificação e o combate ao bullying uma tarefa complexa, mas absolutamente necessária. Mais do que um problema disciplinar, o bullying é uma questão de saúde mental, segurança e direito à educação.
Este conteúdo foi desenvolvido com o objetivo de ajudar gestores escolares a saber como identificar sinais de bullying e implementar ações eficazes de combate, respeitando os aspectos legais que garantem a proteção da escola e de seus alunos.
O que é bullying na escola?
O bullying na escola é uma forma de violência sistemática que ocorre entre estudantes, caracterizada por ações repetitivas e intencionais que envolvem agressões físicas, verbais, psicológicas ou virtuais.
O principal diferencial do bullying em relação a outras formas de conflito é o desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas, geralmente, uma parte exerce domínio sobre outra de forma contínua e deliberada.
De acordo com a Portaria MEC nº 1.127/2024, publicada em julho de 2024, o enfrentamento ao bullying e a condutas discriminatórias é uma política prioritária do Ministério da Educação.
Você sabia?
A Portaria MEC nº 1.127/2024 exige ações preventivas, escuta ativa e capacitação da equipe escolar.
A medida estabelece diretrizes para que escolas de todo o país implementem ações sistemáticas de prevenção, acolhimento e responsabilização, com foco na formação continuada de professores, no estímulo ao protagonismo estudantil e na construção de ambientes educacionais seguros e inclusivos.
Entre as principais manifestações do bullying, destacamos:
- Agressões físicas: empurrões, socos e qualquer tipo de contato violento.
- Violência verbal: xingamentos, apelidos ofensivos e provocações.
- Abusos psicológicos: exclusão social, intimidações, chantagens.
- Cyberbullying: ofensas ou ameaças realizadas em ambiente digital, como redes sociais ou grupos de mensagens.
O combate ao bullying escolar exige uma abordagem integrada, envolvendo gestores, professores, alunos e famílias. A gravidade do problema é reforçada por dados da UNESCO: cerca de 32% dos estudantes no mundo afirmam ter sofrido algum tipo de bullying.
No Brasil, esse número é ainda mais alarmante, onde 43% dos alunos relataram ter sido vítimas dessa prática, o que demonstra a urgência da implementação de políticas preventivas e promoção de um ambiente escolar acolhedor e seguro para todos.
Por que o bullying na escola deve ser tratado com seriedade?
O bullying escolar impacta diretamente o desempenho acadêmico, o bem-estar emocional e o ambiente coletivo de aprendizado. Além disso, a omissão diante dessas situações pode gerar consequências jurídicas para a instituição.
Entre os principais riscos estão:
- Queda no rendimento escolar e evasão de alunos.
- Ações judiciais por negligência.
- Danificação da reputação da escola.
- Ambiente de trabalho tóxico para professores e colaboradores.
Em um cenário cada vez mais exigente, em que as famílias buscam segurança e qualidade, a atuação ativa na prevenção do bullying é um diferencial competitivo e institucional.
Como identificar o bullying na escola: sinais de alerta
Para combater o bullying, o primeiro passo é saber reconhecer os sinais. Nem sempre os alunos verbalizam o que estão passando, por isso, a escola deve estar atenta a mudanças comportamentais e relatos indiretos.
Sinais comuns em vítimas de bullying
- Mudanças de humor repentinas.
- Isolamento social.
- Desculpas constantes para não ir à escola.
- Queda no rendimento escolar.
- Marcas físicas ou pertences danificados com frequência.
Sinais em possíveis agressores
- Atitudes dominadoras e agressivas com colegas.
- Agressividade, intolerância à frustração.
- Pouca empatia.
- Histórico de conflitos constantes.
Treinar a equipe pedagógica e administrativa para observar e relatar esses sinais é uma das principais estratégias preventivas.
Como solucionar o problema do bullying na escola
Uma das perguntas recorrentes entre os gestores é: como resolver o problema com bullying? O caminho não é único, porém, há um conjunto de boas práticas que podem ser implementadas:
1. Política institucional contra o bullying
A existência de uma política institucional clara e bem definida contra o bullying na escola é o primeiro passo para criar um ambiente de acolhimento e segurança.
Essa política deve estar formalizada em documentos como o regimento interno e o manual de convivência escolar, descrevendo diretrizes de prevenção, canais de escuta e medidas disciplinares.
Para manter a coerência com as diretrizes legais já apresentadas anteriormente, é essencial que essa política envolva toda a comunidade escolar em ações permanentes.
Isso inclui práticas como a mediação de conflitos, formação de comitês escolares de prevenção, desenvolvimento de campanhas educativas e capacitação contínua da equipe pedagógica.
Além disso, é fundamental disponibilizar mecanismos acessíveis e seguros para denúncia, tanto anônima quanto identificada, bem como um protocolo claro e transparente de apuração e encaminhamento.
Dessa forma, a escola fortalece seu compromisso institucional com a proteção dos alunos e garante respaldo legal em situações delicadas.
2. Formação da equipe escolar
A formação da equipe escolar é um elemento central na prevenção e no enfrentamento ao bullying na escola.
Segundo um estudo publicado na revista Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, a qualificação profissional dos educadores influencia diretamente na forma como percebem, interpretam e intervêm em situações de bullying.
O artigo destaca que muitos professores ainda apresentam dificuldades em reconhecer práticas de violência entre estudantes e, por isso, a formação continuada deve incluir temas como mediação de conflitos, escuta qualificada, desenvolvimento socioemocional e estratégias de acolhimento.
Para que seja efetiva, a formação precisa ser contínua e estar alinhada às políticas institucionais da escola.
Ela deve abranger tanto os profissionais que já atuam quanto os recém-chegados, assegurando que todos estejam preparados para identificar sinais de bullying e intervir com responsabilidade e empatia.
3. Educação socioemocional dos alunos
Promover atividades que desenvolvam empatia, respeito às diferenças e colaboração entre os estudantes é uma das estratégias mais eficazes na prevenção ao bullying na escola.
O desenvolvimento de competências socioemocionais ajuda os alunos a lidar melhor com suas emoções, construir relações saudáveis e agir com responsabilidade e ética em situações de conflito.
Segundo o Instituto Ayrton Senna, as competências socioemocionais englobam aspectos como autoconhecimento, empatia, responsabilidade, curiosidade para aprender e determinação.
Trabalhar essas competências dentro do contexto escolar não só favorece o aprendizado acadêmico, como também contribui para a formação de cidadãos conscientes e preparados para questões relacionadas ao convívio social.
Ao integrar essas práticas no projeto pedagógico, a escola fortalece um ambiente de respeito mútuo e reduz significativamente comportamentos violentos ou discriminatórios, como o bullying.
Atividades interativas, rodas de conversa, projetos colaborativos e intervenções direcionadas são exemplos de ações que podem promover o desenvolvimento dessas habilidades na rotina escolar.
4. Participação das famílias
A atuação das famílias é essencial no enfrentamento ao bullying na escola. Segundo o Governo Federal, a parceria entre a família e escola é um dos pilares para a construção de um ambiente educacional mais seguro e saudável.
A família pode ajudar observando mudanças no comportamento dos filhos, incentivando o diálogo aberto em casa e comunicando à escola qualquer sinal de agressão ou sofrimento.
É importante igualmente que as escolas disponibilizem espaços permanentes de diálogo com os responsáveis, como reuniões participativas, oficinas educativas e canais de escuta ativa.
Essas ações fortalecem o vínculo entre escola e comunidade, criando uma rede de proteção e apoio para as crianças e adolescentes.
Advocacia virtual: sua aliada no combate ao bullying
Diante de um cenário em que os conflitos escolares frequentemente ultrapassam o campo pedagógico e envolvem aspectos legais, a advocacia virtual tem ganhado destaque como ferramenta de suporte estratégico às escolas.
A atuação jurídica remota permite que instituições de ensino recebam orientações especializadas com agilidade, especialmente no que diz respeito ao tratamento de casos de violência, como o bullying.
De acordo com especialistas e práticas já consolidadas na área do direito educacional, é fundamental que escolas adotem medidas preventivas, mantenham registros adequados e consultem assessorias jurídicas em situações de condutas recorrentes.
A advocacia virtual viabiliza esse apoio de forma acessível, garantindo respostas rápidas e orientadas à legislação vigente.
Essa assessoria pode colaborar com a elaboração de documentos institucionais, revisar protocolos de atendimento e orientar a comunicação com as famílias, prevenindo judicializações e fortalecendo a postura ética e legal da instituição diante da comunidade escolar.
Documentação: o que registrar para proteger a escola de problemas com bullying
Em casos de bullying, a documentação adequada é o que garante a proteção jurídica da escola.
É fundamental que todas as etapas, desde a identificação até a resolução do caso, estejam devidamente registradas: evidências de escuta, ações tomadas, comunicação com os responsáveis e encaminhamentos realizados.
Esse cuidado não só fortalece a atuação institucional, bem como resguarda juridicamente a equipe gestora em possíveis questionamentos futuros.

Tabela: Tipos de Documentação em Casos de Conflitos Escolares e suas Finalidades.
Essa documentação deve ser armazenada com segurança e, sempre que necessário, compartilhada com os advogados da instituição.
Modelos de relatórios e orientações jurídicas específicas ajudam a escola a elaborar registros claros e eficazes, reduzindo riscos de interpretações equivocadas ou denúncias infundadas.
5 Estratégias práticas para começar hoje e prevenir o bullying na escola
Listamos abaixo cinco estratégias práticas, com base em recomendações do Ministério da Educação, que podem ser implementadas desde já para criar um ambiente escolar mais seguro e acolhedor:
1. Criar um comitê escolar de prevenção
Forme uma equipe multidisciplinar com professores, coordenadores, alunos e familiares para acompanhar e propor ações regulares de prevenção e enfrentamento do bullying.
Essa medida fortalece o envolvimento coletivo e promove responsabilidade compartilhada.
2. Aplicar pesquisas anônimas com os alunos
A coleta de dados por meio de questionários anônimos é recomendada para identificar situações de violência que não são verbalizadas diretamente.
Assim, a escola pode ter uma visão realista da situação e atuar de forma preventiva.
3. Implementar uma escuta ativa institucional
É importante oferecer canais seguros para que estudantes, familiares e profissionais possam relatar situações de violência ou preconceito.
A escuta ativa promove acolhimento e agiliza a resposta da gestão escolar diante de cada caso.
4. Desenvolver projetos pedagógicos sobre diversidade e respeito
A inclusão de ações pedagógicas que abordem empatia, convivência, respeito às diferenças e direitos humanos contribui diretamente para a prevenção do bullying.
Essas atividades devem ser integradas ao currículo escolar.
5. Realizar campanhas internas contínuas
As campanhas educativas reforçam os valores institucionais e sensibilizam a comunidade escolar para a importância do combate ao bullying.
Podem incluir cartazes, rodas de conversa, eventos temáticos e participação ativa dos estudantes.
Como dar os primeiros passos para prevenir o bullying
Combater o bullying na escola começa com uma mudança de postura: é preciso deixar de agir somente nos casos extremos e começar a atuar de forma preventiva.
Ignorar os sinais ou não tomar uma atitude diante de situações de agressão pode gerar consequências graves para o ambiente escolar e para a reputação da instituição.
Ao implementar políticas claras, capacitar sua equipe, engajar as famílias e promover uma cultura de empatia e respeito, a escola passa a atuar de forma estruturada e segura.
O mais importante é entender que prevenir o bullying não é um gasto, é um investimento na qualidade da educação, no bem-estar dos alunos e na confiança da comunidade.
Resumo: Para combater o bullying na escola, é essencial reconhecer sinais de agressão, implementar políticas claras de prevenção, capacitar a equipe, envolver as famílias e manter a documentação adequada. O bullying afeta o desempenho escolar e pode gerar responsabilidade legal. Com ações educativas, escuta ativa e apoio jurídico, a escola cria um ambiente seguro e acolhedor.
CTA: Prevenir o bullying é apenas um dos pilares de uma gestão escolar eficiente. Garantir que o regimento escolar esteja bem estruturado e juridicamente sólido é outro passo essencial para criar um ambiente seguro para alunos, educadores e famílias.
A Educa Legal pode ajudar sua escola a revisar o regimento, orientar sua equipe e estruturar protocolos eficazes.
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Bullying na escola: como enfrentá-las com segurança jurídica
O que caracteriza o bullying na escola?
O bullying é uma violência intencional e repetitiva entre estudantes, marcada por desequilíbrio de poder. Pode ocorrer de forma física, verbal, psicológica ou digital (cyberbullying), e seus impactos afetam diretamente o bem-estar emocional, o desempenho escolar e a segurança do ambiente educacional.
Quais são os sinais de que um aluno pode estar sofrendo bullying?
Mudanças bruscas de comportamento, isolamento social, recusa em ir à escola, queda no rendimento e danos frequentes a pertences são sinais comuns em vítimas de bullying. Já os agressores costumam demonstrar comportamentos dominadores, intolerância à frustração e histórico de conflitos constantes.
O que a escola deve fazer ao identificar um caso de bullying?
É essencial acionar um protocolo institucional com acolhimento da vítima, escuta ativa, registro formal do ocorrido, comunicação com as famílias e aplicação das medidas previstas no regimento escolar. Todo o processo deve ser documentado e, quando necessário, encaminhado para órgãos externos.
Como a advocacia virtual pode apoiar a escola em casos de bullying?
A advocacia virtual oferece suporte jurídico rápido e especializado, ajudando na elaboração de documentos, revisão de protocolos, orientações legais e prevenção de judicializações. Ela é uma aliada estratégica para escolas que desejam agir com segurança diante de situações delicadas.
A escola pode ser responsabilizada judicialmente por bullying?
Sim. A omissão institucional diante de casos de bullying pode gerar ações judiciais por negligência, danos morais e até comprometer a reputação da escola. Por isso, é fundamental agir preventivamente, manter registros e contar com assessoria jurídica contínua.
Como envolver as famílias no combate ao bullying?
Criando canais permanentes de diálogo, promovendo oficinas educativas e incentivando os responsáveis a observarem sinais de sofrimento nos filhos. A parceria com as famílias fortalece a rede de proteção e torna o combate ao bullying mais efetivo.
A escola é obrigada a ter uma política formal contra o bullying?
Sim. De acordo com a Portaria MEC nº 1.127/2024, todas as escolas devem adotar políticas institucionais de prevenção ao bullying, com formação de equipes, protocolos de ação, canais de denúncia e ações educativas permanentes.
Por que registrar os casos de bullying é tão importante?
A documentação detalhada protege a escola juridicamente, comprova as medidas adotadas e permite rastrear reincidências. Relatórios, escutas, comunicações com as famílias e ações corretivas devem ser arquivados com segurança.